Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo primitivo, dá a certeza da existência de Deus
Começo por dizer que, creio na existência de Deus porque sou Cristão, embora saiba que não são somente os cristãos, que crêem na sua existência, sou também espírita, e não poderia deixar de crer fielmente em tudo que o Mestre de Nazaré nos veio revelar, entre outros inumeráveis ensinamentos nos disse: “Não se turbe o vosso coração. - Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. - Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais”. (1)
Mais adiante nos alerta: “Não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes os comem e onde os ladrões os desenterram e roubam; - acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os comem; - porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração.
Eis por que vos digo: Não vos inquieteis por saber onde achareis o que comer para sustento da vossa vida, nem de onde tirareis vestes para cobrir o vosso corpo. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes?
Observai os pássaros do céu: não semeiam, não ceifam, nada guardam em celeiros; mas, vosso Pai celestial os alimenta. Não sois muito mais do que eles? - e qual, dentre vós, o que pode, com todos os seus esforços, aumentar de um côvado a sua estatura?
Por que, também, vos inquietais pelo vestuário? Observai como crescem os lírios dos campos: não trabalham, nem fiam; - entretanto, eu vos declaro que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. - Ora, se Deus tem o cuidado de vestir dessa maneira a erva dos campos, que existe hoje e amanhã será lançada na fornalha, quanto maior cuidado não terá em vos vestir, ó homens de pouca fé!
Não vos inquieteis, pois, dizendo: Que comeremos? ou: que beberemos? ou: de que nos vestiremos? - como fazem os pagãos, que andam à procura de todas essas coisas; porque vosso Pai sabe que tendes necessidades delas.
Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo. - Assim, pois, não vos ponhais inquietos pelo dia de amanhã, porquanto o amanhã cuidará de si. A cada dia basta o seu mal.” (2)
Ensinando-nos a orar nos fala desse Pai misericordioso e Bom, dizendo: Pai nosso, que estás nos céus..., apresentando-nos Deus como Pai comum a todos nós. Jesus, nos ensinou com isso, que todos somos seus filhos, portanto, no mundo somos todos irmãos, pertencentes a uma só e única família, e, por isso mesmo, temos o dever de ajudarmo-nos mutuamente e, para tanto, Ele mesmo exemplificou para nos instruir, exercendo fraternidade para com todos os que necessitaram de sua ajuda, auxiliando indistintamente ricos e pobres, felizes e infelizes, sãos e doentes, mostrando-nos o verdadeiro caminho para que nos habilitássemos a encontrar a paz e a felicidade, no estado de pureza e perfeição espiritual que deveremos trabalhar por conseguir. (3)
Se, nos dizemos seus seguidores, precisamos seguir-lhe os exemplos e ensinos, tendo Deus como nosso Pai e criador, e a humanidade como nossa família, reconhecendo em cada criatura à nossa volta, um irmão merecedor de nosso respeito, carinho e atenção, esteja ele no estágio evolutivo que estiver, pois, só assim, a vida na terra poderá ser para todos bela e gloriosa...
“Conta-se que um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que, certa vez, o rico chefe de grande caravana chamou-o à sua presença e lhe perguntou:
— Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler?
O crente fiel respondeu:
— Grande senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celeste pelos sinais dele.
— Como assim? — indagou o chefe, admirado.
O servo humilde explicou-se:
— Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?
— Pela letra.
— Quando o senhor recebe uma jóia, como éque se informa quanto ao autor dela?
— Pela marca do ourives.
O empregado sorriu e acrescentou:
— Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?
— Pelos rastros — respondeu o chefe, surpreendido.
Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu, onde a Lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:
- Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!
Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia e começou a orar também” .(4)
Essa bela narrativa, bem nos dá uma exata noção de que se meditarmos na grandeza e beleza do Universo Infinito, e buscarmos um construtor para essa imensa e incomparável obra, entre os seres humanos, veremos que não há no mundo alguém capaz de tamanha proeza, e crer que tudo isso à nossa volta foi criação do “acaso”, é desperdiçar a bênção sublime da inteligência, para ser irracional, supondo que o nada é capaz de elaborar o todo.
Em o Livro dos Espíritos, os emissários Superiores do Mestre de Nazaré, responderam ao insigne codificador da doutrina espírita sobre o assunto conforme segue nas questões abaixo:
1. Que é Deus?
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”
Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.
8. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?
“Outro absurdo! Que homem de bom-senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.”
A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a
inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.
9. Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
“Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”
Do poder de uma inteligência se julga pelas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à Humanidade.
Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe dêem. (5)
A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo primitivo, isto é, o Cristianismo ensinado pelo próprio Jesus, nos dá a certeza absoluta da existência de Deus, não nos permitindo ter qualquer tipo de dúvida de sua existência e da criação de tudo e de todos, alertando-nos ainda para o fato de que se ainda não nos é possível compreender a sua natureza íntima, não quer dizer que ele não exista, precisamos sim, é “ter olhos de ver e ouvidos de ouvir” como nos alertou o Mestre, para perceber que nossa condição de inferioridade não nos permite compreender a sua natureza íntima, e que no nosso atual estado evolutivo, o homem muitas das vezes confunde Deus com as próprias criaturas atribuindo-lhe imperfeições, por não ter suficiente compreensão dos seus atributos; só à medida que se desenvolver em inteligência e moralidade poderá ter idéias mais justas da Divindade.
Fontes:
1- S. JOÃO, cap. XIV, vv. 1 a 3.
2- S. MATEUS, cap. VI, vv. 19 a 21 e 25 a 34.
3- E.S.E. Cap. XXVIII item 1
4- Livro: Pai Nosso – Chico Xavier – Espírito Meimei.
5- O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Grifos Nossos
Publicado originalmente na RIE, edição Dezembro/06
Francisco Rebouças.
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