“O homem que julga infalível a sua razão está bem perto do erro. Mesmo aqueles, cujas ideias são as mais falsas, se apóiam na sua própria razão e é por isso que rejeitam tudo o que lhes parece impossível.” Fonte: O Livro dos Espíritos, introdução VII.

Espiritismo em Foco

domingo, 5 de julho de 2015

DESAPEGA-TE DOS BENS TERRENOS!

Francisco RebouçasImprescindível se faz entender, que os bens materiais a que tantos sacrifícios e desgastes nos submetemos para adquiri-los, pertencem essencialmente a Deus que nos empresta, por infinita misericórdia, para que aprendamos a utiliza-los na construção dos verdadeiros valores da evolução moral espiritual.

Os bens terrestres têm por finalidade específica assegurar a harmonia e felicidade de todos, no engrandecimento da vida em nosso planeta. Assim sendo, quando nos apropriamos indebitamente do supérfluo, abraçando as sugestões do abuso e da violência, geramos desequilíbrio e sofrimento em nosso semelhante, e nos candidatamos automaticamente ao jugo asfixiante da provação.

No Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos significante mensagem a esse respeito, como segue.

“... O amor aos bens terrenos constitui um dos mais fortes óbices ao vosso adiantamento moral e espiritual. Pelo apego à posse de tais bens, destruís as vossas faculdades de amar, com as aplicardes todas às coisas materiais. Sede sinceros: proporciona a riqueza uma felicidade sem mescla? Quando tendes cheios os cofres, não há sempre um vazio no vosso coração? No fundo dessa cesta de flores não há sempre oculto um réptil?... ¹

Imprescindível se faz, aprendamos o quanto antes a dar do que temos e retemos, para que nos tornemos dignos instrumentos da Lei do Progresso em apoio e respeito às bênçãos de Deus a todos os seres da criação.

Quando nos reportamos ao bem que as riquezas poderiam gerar, não nos referimos apenas aos que as riquezas amoedadas realizariam, amenizando a necessidade mais urgente do próximo, mas também a sovinice das virtudes que geram os tormentos da penúria moral, tanto quanto a avareza da inteligência que cria e alimenta os monstros da ignorância.

“Qual, então, o melhor emprego que se pode dar à riqueza? Procurai - nestas palavras:

"Amai-vos uns aos outros", a solução do problema. Elas guardam o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí toda traçada a sua linha de proceder. Na caridade está, para as riquezas, o emprego que mais apraz a Deus.” ²

Por essa razão, é importante que começamos hoje, continuemos amanhã e sempre, honrando as oportunidades que a vida nos concede para distribuir sabiamente os bens materiais, morais e espirituais de que somos portadores, porque somente trabalhando e aprendendo, servindo e auxiliando sem descansar, é que encontraremos o luminoso caminho de acesso à paz de espírito que é a harmonia e o bem estar proporcionados pela soberana, perfeita e imutável Lei do AMOR.

“O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo.
Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste”.³

Que Jesus nos guie e ampare hoje e sempre, para que jamais nos esqueçamos dessa incontestável realidade.

Bibliografia
1- Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, item 14.
2- Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, item 11.
3- Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, item 9.

Francisco Rebouças

quarta-feira, 1 de julho de 2015

ASSUNTO DE PAZ

Quer você saber agora
Meu caro Zico Tomás,
Que posso dizer no além,
Quanto ao assunto da paz.

Quantas vezes, meu amigo,
Supúnhamos nós na terra,
Que paz morasse na rede
Da casa branca da serra!

O quintal todo enfeitado
De rosas e margaridas,
O céu azul... As cigarras
Musicando nossas vidas.

O mundo ao longe... Os cavalos
Com montaria a nós dois,
A viola, o cigarrinho
E a mesa farta depois...

As histórias sobre a chuva
O aroma do chão molhado,
A conversinha de sempre,
E os cães dormindo ao lado!...

Relendo as suas palavras,
Tudo me volta à lembrança,,,
Quanta beleza de sonho,
Quanto sonho de criança!...

Sem dúvida, tudo isso,
É paz de preparação,
Memórias e ensinamentos
De apoio à meditação!

A paz que nunca se afasta,
Domínio jamais desfeito,
É aquela que se constrói,
Por dentro do próprio peito.

Hoje anoto esta verdade
Que vejo claro agora!
Segurança verdadeira
Não se conquista por fora!...

Buscando a paz muita gente
Estraga-se, desvaria...
E acaba sempre em mais luta
Nas lutas de cada dia.

Há quem rogue paz em ouro,
Influência em reboliço,
Sem entender que esses dons
São forças para serviço.

Muitos volvem morro abaixo,
Após a ilusão nos cimos,
Nesses enganos de paz
Quantos fracassos já vimos!

Rogando apenas repouso,
Conhecemos Dona Cissa,
Somente achou moleza
De quem morre na preguiça.

Largou-se de todo encargo
Nhô Tolentino do Avanço,
Pedia paz e mais paz
Depois morreu de descanso.

Neco buscando sossego
Foi residir no Espigão,
Logo após voltou do sítio,
Picado de escorpião.

Saiu da cidade grande
Nhô Marcelino Siqueira,
Buscava a calma num morro,
Caiu de uma ribanceira.

Queria viver tranquilo,
Nhô Benedito Moraes,
Adoeceu de repente
Porque comia demais.

Fugiu do trabalho e luta
Nosso Antonico da Praça,
Descansou... Ficou mais triste,
Depois tombou na cachaça.

Era feliz trabalhando
Nosso amigo Hilarião
Abandonando as tarefas,
Perdeu-se na obsessão.

Queixando-se de fadiga
Aposentou-se Nhô Bento,
Entretanto morreu logo
Por falta de movimento.

Nhá Cota entrando em sossego,
Regrava a própria comida,
Em seguida enlouqueceu
De tanto pensar na vida.

Zizina querendo paz
Foi para a Roça da Lebre,
Mas escondida num rancho
Morreu tomada de febre.

Trabalhe quanto puder,
Não largue a enxada do bem,
Serviço ajudando aos outros
Nunca feriu ninguém.

Não caia nesses enganos,
Desses casos que já vi,
Que descanso sem razão
Onde esteja é isso aí.

Livro: Conversa Firme
Chico Xavier/Cornélio Pires

Francisco Rebouças