“O homem que julga infalível a sua razão está bem perto do erro. Mesmo aqueles, cujas ideias são as mais falsas, se apóiam na sua própria razão e é por isso que rejeitam tudo o que lhes parece impossível.” Fonte: O Livro dos Espíritos, introdução VII.

Espiritismo em Foco

quarta-feira, 1 de julho de 2015

ASSUNTO DE PAZ

Quer você saber agora
Meu caro Zico Tomás,
Que posso dizer no além,
Quanto ao assunto da paz.

Quantas vezes, meu amigo,
Supúnhamos nós na terra,
Que paz morasse na rede
Da casa branca da serra!

O quintal todo enfeitado
De rosas e margaridas,
O céu azul... As cigarras
Musicando nossas vidas.

O mundo ao longe... Os cavalos
Com montaria a nós dois,
A viola, o cigarrinho
E a mesa farta depois...

As histórias sobre a chuva
O aroma do chão molhado,
A conversinha de sempre,
E os cães dormindo ao lado!...

Relendo as suas palavras,
Tudo me volta à lembrança,,,
Quanta beleza de sonho,
Quanto sonho de criança!...

Sem dúvida, tudo isso,
É paz de preparação,
Memórias e ensinamentos
De apoio à meditação!

A paz que nunca se afasta,
Domínio jamais desfeito,
É aquela que se constrói,
Por dentro do próprio peito.

Hoje anoto esta verdade
Que vejo claro agora!
Segurança verdadeira
Não se conquista por fora!...

Buscando a paz muita gente
Estraga-se, desvaria...
E acaba sempre em mais luta
Nas lutas de cada dia.

Há quem rogue paz em ouro,
Influência em reboliço,
Sem entender que esses dons
São forças para serviço.

Muitos volvem morro abaixo,
Após a ilusão nos cimos,
Nesses enganos de paz
Quantos fracassos já vimos!

Rogando apenas repouso,
Conhecemos Dona Cissa,
Somente achou moleza
De quem morre na preguiça.

Largou-se de todo encargo
Nhô Tolentino do Avanço,
Pedia paz e mais paz
Depois morreu de descanso.

Neco buscando sossego
Foi residir no Espigão,
Logo após voltou do sítio,
Picado de escorpião.

Saiu da cidade grande
Nhô Marcelino Siqueira,
Buscava a calma num morro,
Caiu de uma ribanceira.

Queria viver tranquilo,
Nhô Benedito Moraes,
Adoeceu de repente
Porque comia demais.

Fugiu do trabalho e luta
Nosso Antonico da Praça,
Descansou... Ficou mais triste,
Depois tombou na cachaça.

Era feliz trabalhando
Nosso amigo Hilarião
Abandonando as tarefas,
Perdeu-se na obsessão.

Queixando-se de fadiga
Aposentou-se Nhô Bento,
Entretanto morreu logo
Por falta de movimento.

Nhá Cota entrando em sossego,
Regrava a própria comida,
Em seguida enlouqueceu
De tanto pensar na vida.

Zizina querendo paz
Foi para a Roça da Lebre,
Mas escondida num rancho
Morreu tomada de febre.

Trabalhe quanto puder,
Não largue a enxada do bem,
Serviço ajudando aos outros
Nunca feriu ninguém.

Não caia nesses enganos,
Desses casos que já vi,
Que descanso sem razão
Onde esteja é isso aí.

Livro: Conversa Firme
Chico Xavier/Cornélio Pires

Francisco Rebouças