“O homem que julga infalível a sua razão está bem perto do erro. Mesmo aqueles, cujas ideias são as mais falsas, se apóiam na sua própria razão e é por isso que rejeitam tudo o que lhes parece impossível.” Fonte: O Livro dos Espíritos, introdução VII.

Espiritismo em Foco

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ansiedade, filha da pressa, caminho para o engano!

É, bastante prudente, tomarmos todos os cuidados como medida cautelar para evitarmos o estado de ansiedade que freqüentemente nos toma de surpresa, causando-nos um mal-estar que nos desequilibra, incomoda e entristece por muito tempo. Começa de maneira bem sutil, e quando nos apercebemos, já estamos aflitos inquietos, angustiados, preocupados com alguma coisa que nem sempre se concretiza, mas que nos causa antecipadamente enormes prejuízos emocionais, chegando mesmo algumas vezes a nos adoecer. Isso, acontece, porque  como seres imperfeitos que ainda somos, não temos a devida paciência para esperar o tempo adequado para a realização das coisas que almejamos realizar, e apressadamente nos atiramos na busca da solução que demanda normalmente tempo e trabalho.

Não observamos os exemplos que a “mãe natureza” nos fornece como ensinamentos, a todo o instante, mostrando-nos que o fruto não surge sem que a árvore esteja devidamente pronta e na época certa de sua estação; que o dia não chega antes que a madrugada se vá; que a noite não surge sem que o Astro Rei tenha iluminado todo o dia etc., em vão também será todo o esforço mal direcionado e todo o trabalho que não se apóia na disciplina do respeito ao tempo necessário para sua concretização, e,  por isso mesmo, não poderá ter sua conclusão de forma perfeita, em vista de que tudo tem seu tempo de realização, como diz a sabedoria popular “a pressa é inimiga da perfeição”.

Encontramos em Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo V, as instruções que seguem que muito nos aclaram sobre o assunto conforme segue: “Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? E que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia, e vos julgais infelizes. Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liames que vos mantêm cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo na Terra, tendes de desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra. - François de Genève. (Bordéus.)”

Necessário se faz, empenharmo-nos com esmero, disciplina e confiança, no trabalho de elaboração de todo o nosso empreendimento de qualquer ordem, seja no âmbito familiar, profissional, religioso etc., na execução do que está sob nossa responsabilidade, e aguardemos o devido tempo de espera necessário para a realização adequada do nosso objetivo, que chegará na hora certa, e não apressemos os resultados antes da época certa da sua colheita; pois bem sabemos que mesmo que os frutos surjam, ainda se faz imprescindível que respeitemos o tempo necessário para a colheita na hora mais adequada, sem precipitações que nos causariam perda da safra de nossa preciosa semeadura.

Pode acontecer, que mesmo com todo o nosso trabalho no cuidado com nossa lavoura, não colhamos os resultados que esperamos colher, em vista dos inúmeros imprevistos que poderão suceder, e nem por isso, nosso estado de ansiedade será capaz de alterar o resultado final da colheita, visto que tudo é antes de qualquer coisa concessão Divina que poderá muito bem achar que não é hora de conquistarmos tal ou qual coisa e que por isso mesmo, precisamos ter calma, equilíbrio e paciência para aceitarmos os desígnios superiores em relação às nossas construções atuais, sem esquecer  que ainda temos inúmeras dívidas a saldar com a Lei Maior.

Em o Livro dos Espíritos encontramos as sábias instruções dadas pelos Imortais da Vida Maior, em resposta ao questionamento feito por Allan Kardec sobre o assunto conforme segue:

984. As vicissitudes da vida são sempre a punição das faltas atuais?

“Não; já dissemos: são provas impostas por Deus, ou que vós mesmos escolhestes como Espíritos, antes de encarnardes, para expiação das faltas cometidas em outra existência, porque jamais fica impune a infração das leis de Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se não for punida nesta existência, sê-lo-á necessariamente noutra. Eis porque um, que vos parece justo, muitas vezes sofre. É a punição do seu passado.”

Bibliografia: Kardec, Allan - E.S.E. Capítulo V, item 25;
                     Kardec, Allan - Livro dos Espíritos – perg. 984.

Francisco Rebouças. 

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