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FRANCISCO REBOUÇAS ESPIRITISTA TEM O PRAZER DE APRESENTAR AOS NOSSOS DISTINTOS
AMIGOS, A ENTREVISTA QUE NOS FOI CONCEDIDA PELO RENOMADO PESQUISADOR ESPÍRITA, PAULO DA SILVA NETO SOBRINHO.
Entrevista:
Dados do
nosso entrevistado:
Paulo da Silva Neto Sobrinho
é natural de Guanhães, MG.
Bacharel em Ciências Contábeis e
em Administração de Empresas pela Universidade Católica-MG (PUC-BH).
Aposentou-se como Fiscal de Tributos pela Secretaria da Fazenda-MG.
Adepto do Espiritismo desde
Julho/1987; atualmente frequenta o Movimento Espírita em Belo Horizonte,
MG.
Articulista de diversos
periódicos espíritas, entre eles, pode-se citar a revista Espiritismo &
Ciência, da Mythos Editora, onde tem vários artigos publicados.
Na Web, vários sites espíritas
publicam alguns de seus textos, entre eles:
Paulo Neto é autor dos livros seguintes:
A Bíblia à Moda da Casa
Alma dos Animais: estágio anterior da alma humana?
Espiritismo, princípios, práticas e provas.
Os espíritos comunicam-se na Igreja Católica.
Racismo em Kardec? (Ebook).
As colônias espirituais e a codificação.
Kardec & Chico: dois missionários.
FR: Prezado
Paulo Neto, como aconteceu o seu encontro com a doutrina espírita?
PN:
Na época vivia um relacionamento com uma jovem, que passava por sério problema
de obsessão. Fomos orientados a procurar uma Casa Espírita, foi o que fizemos,
o carinho com que receberam a nós dois, me sensibilizou muito. Constatada a
obsessão, a Casa Espírita, diante da gravidade, que se apresentava o caso,
abriu uma reunião específica para atendê-la. A partir daí comecei a questionar
se havia algum sentido as pessoas brincarem de receber espíritos outros de
conversar com eles, se não havia público algum, além de nós dois. Resolvi ler
as obras de Kardec, e a partir daí, meu caro amigo, estou as lendo até hoje.
(risos)
FR: Qual a
casa espírita que você frequenta na atualidade?
PN:
Atualmente frequento o Centro Espírita Manoel Felipe Santiago, no Bairro Santo
Antônio, uma das tradicionais Casas Espíritas de Belo Horizonte. Atendendo a
convite dos amigos, faço palestras em cerca de umas 20 outras.
FR: A
Doutrina Espírita completou 159 anos de existência, seu conteúdo permanece
atualizado ou precisa ser reformado em algum ponto?
PN:
Kardec disse que “O Livro dos Espíritos não é um tratado
completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos
fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela
observação. (Revista Espírita de julho de 1866, artigo Visão
Retrospectiva das existências dos Espíritos, 3º§), portanto, a Doutrina
Espírita sendo progressista caberá novas orientações até mesmo diante do
progresso tecnológico e científico da atualidade. Na Codificação, por exemplo,
nada foi falado a respeito de bebê de proveta, entretanto, isso é uma
realidade. A meu ver, um ponto ainda controverso no meio espírita é se o
princípio inteligente, na sua escalada evolutiva, passou ou não pelo reino
mineral. Enfim, há muitas coisas que carecem de maiores esclarecimentos.
FR: Como
proceder para divulgarmos de maneira correta a mensagem espírita?
PN:
Poderíamos focar na divulgação via mídia (TV, Internet) promovendo a divulgação
com programas sérios, feitos por pessoas reconhecidamente competentes. Seria,
também, uma boa oportunidade dos expositores de destaque serem vistos e ouvidos
por um maior número de pessoas.
FR:
Acompanhamos seu trabalho na divulgação do Espiritismo, e particularmente na defesa
da fidelidade doutrinária, como você está vendo essa invasão de livros
tidos como espíritas sem a necessária preocupação com os preceitos contidos na
codificação do Espiritismo?
PN:
Infelizmente, no meio espírita, há considerável número de publicações que
comprometem em muito a sua natureza de revelação divina, porquanto sérios
questionamentos doutrinários surgem delas. Sendo uma Doutrina da lógica e do
bom senso, ela, por si só, agrada a muitas pessoas, mas essas obras
prejudicam-na, às vezes, levando-a ao ridículo.
FR: Com a
experiência de dedicado pesquisador da doutrina espírita, o que você pode nos
dizer dos diversos livros, artigos, etc., publicados na mídia espírita que
falam de assuntos doutrinariamente polêmicos sem citar as fontes de onde são
retiradas da codificação espírita?
PN:
Se não colocam as fontes caem no “achismo”, ou seja, espelham opiniões pessoais
dos autores. Se, defendemos a causa espírita, devemos mostrar ao leitor onde
buscamos os argumentos doutrinários para sustentar nossas ideias e/ou
conclusões. Quando se falar em nome da doutrina, dever-se-ia tratar o livro ou
artigo nos moldes de um trabalho acadêmico, é o que procuro fazer com tudo que
escrevo.
FR: Você
acabou de lançar o livro Kardec e Chico dois missionários,
trazendo um manancial de informações que esclarecem que Chico não foi a
reencarnação de Kardec, como você vê a opinião dos que afirmam que Chico é
Kardec, sem a preocupação de apresentar argumentos de pesquisas sérias como a
sua?
PN:
O grande problema disso é que iludem muita gente, especialmente, aqueles que
não têm um conhecimento doutrinário mais aprofundado ou os que acabam de
adentrar ao Movimento Espírita. Quando me propus a escrever esse livro, tive
como objetivo atingir a esse público, não me moveu a intenção de converter
ninguém ao que penso. Se os argumentos, calcados em fontes confiáveis, que
apresentamos ao leitor, são bons, aceite-os, caso contrário, usando uma
linguagem da informática, delete-os.
FR: Como o
livro tem sido recebido pelo movimento espírita em geral?
PN:
A resposta do público tem sido bem positiva. De Portugal, mandou-me um e-mail
elogiando o nosso livro a escritora Manuela Vasconcelos, presidente da Comunhão
Espírita Cristã de Lisboa.
FR: Fale-nos
sobre outro assunto para o qual você dedicou grande trabalho de pesquisa, para
esclarecimento de quantos ainda tinham dúvidas sobre “O Espírito da Verdade”,
que alguns espíritas insistem em dizer que era um grupo de espíritos
participantes da obra da codificação do espiritismo.
PN:
Diante da pesquisa que fiz do tema, ficou bem claro que ele era o coordenador
de todos os Espíritos envolvidos na codificação. Kardec, em a Revista
Espírita 1866, afirmou categórico: “A qualificação de Espírito de Verdade
não pertence senão a um e pode ser considerado como nome próprio; ela é
especificada no Evangelho.” Quanto à sua identificação temos, por exemplo,
Erasto que o designou de “Mestre de todos nós” e “Nosso Mestre bem-amado”.
Compare-se a mensagem IX do cap. XXI de O Livro dos Médiuns, que, em
nota, Kardec disse ter sido assinada por Jesus de Nazaré, com a mensagem número
5 do Cap. VI do Evangelho Segundo o Espiritismo, que está assinada pelo
Espírito de Verdade.
FR: Já sofreu
críticas ou reprovação por agir dessa forma, pesquisar antes de informar?
PN:
Ah!, meu caro amigo, não há ninguém que escape às críticas, nem mesmo o mestre
Jesus deixou de sofrê-las. Mas, o que me move a seguir em frente, é a opinião
dos amigos sinceros e, especialmente, dos estudiosos. Já me qualificaram de
“roustainguista” e de “desvalorizar a grandeza espiritual de Kardec”, isso vem
de pessoas que não admitem ninguém ser contrário ao que pensam.
FR: Tem algo
que acontece no Movimento espírita que você não aprecia?
PN:
Infelizmente, há duas coisas que não vejo com bons olhos. Primeira é como os
espíritas tratam uns aos outros em suas discussões a respeito de qualquer
assunto, está mais para “armai-vos uns contra os outros”. A segunda, é o
pouco-caso que alguns companheiros tratam quase todos, especialmente, aqueles
que se julgam de saber ilimitado, menosprezando qualquer opinião que não for a
dele.
FR: Por quais
motivos nas Casas Espíritas os estudos sistematizados da doutrina são tão
poucos frequentados?
PN:
Esse parece-me ser um mal quase que generalizado das Casas Espíritas. Dois
fatores contribuem para isso; o primeiro está diretamente ligado ao
coordenador, se não for alguém competente doutrinariamente e bom líder acaba
dispersando as pessoas; o segundo, é que muitos expositores não aproveitam dos
recursos da informática para dinamizar suas exposições, tirando-as das leituras
intermináveis e monótonas, que invés de interesse despertam sono.
FR: O que
você diria a quem lhe pedisse orientação de obras para iniciar no conhecimento
do espiritismo?
PN:
Há algum tempo atrás eu sempre recomendava a obra O Livro dos Espíritos,
mas o retorno que as pessoas me davam não era nada bom. Passei a recomendar a
obra O que é o Espiritismo (cuja interrogação do título sumiu), e
percebi a mudança, as respostas passaram a ser positivas. Pensei comigo: “Que
ideia genial”. Mas, para abater minha tola vaidade acabei por descobrir que
essa ideia genial é de Kardec, que nessa própria obra e em O Livro dos
Médiuns ele recomenda que se inicie os estudos pelo O que é o
Espiritismo?. Pus as barbas de molho. (risos)
FR: O aborto
continua sendo o assunto mais discutido no meio espírita no momento, de que
maneira nós espíritas podemos contribuir para evitar esse crime?
PN:
Não vejo outra forma senão a de esclarecer qual é o ponto de vista doutrinário
sobre o aborto. Mas, para que isso aconteça, é necessário que o tema esteja
programado para ser tratado nas reuniões públicas e nas de mocidades. Julgo ser
o esclarecimento o melhor antídoto.
FR: Porque
nos dias de hoje, 2016 anos após Jesus nos trazer suas mensagens de amor e
respeito ao próximo, o ser humano ainda não pratica seus ensinamentos?
PN:
Isso é a prova inconteste do atraso moral da humanidade. O progresso se fará
quer queiramos ou não, porquanto a vontade de Deus se cumprirá. A semente foi
lançada ao solo, o tempo da frutificação acontecerá, é da lei. Julgo que Deus
não tem pressa, o infinito relativiza qualquer noção que temos sobre a duração
do tempo.
FR: Quais
seus projetos para o futuro?
PN:
Nenhum projeto específico, mas gostaria de nunca sair da trilha que já tracei
em relação ao fato de que minha opinião não pode se sobrepor aos conceitos
doutrinários. Para isso conto como os amigos, aos quais todos os meus textos
são enviados, são os meus filtros para manter-me nos limites doutrinários e
para não sair do respeito que devo ter para com os outros, mesmo que suas
opiniões sejam contrárias às minhas.
FR: Paulo
Neto, o que você gostaria de ter respondido, e que eu deixei de te perguntar?
PN:
Sobre algo que Chico Xavier disse e que me marcou. Trago para reflexão de todos
nós, espíritas, essa afirmação simples e profunda ao mesmo tempo, dita por
nosso Chico: “Se nós pudéssemos colocar uma legenda na frente de cada conjunto
residencial, de cada cidade, de cada aldeia, de cada metrópole, de cada grande
capital do progresso humano, se nós pudéssemos e tivéssemos bastante autoridade
para isso, escolheríamos aquela frase de Nosso Senhor Jesus Cristo quando ele
nos disse: 'Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!'”
FR: Para
encerrar, gostaríamos que deixasse registrada sua mensagem a toda família
espírita brasileira, através do Francisco Rebouças Espiritista.
PN:
“Muito se pedirá àquele a quem muito mais coisas se haja confiado.” (Lc
12,48) essa frase, dita por Jesus, muito me preocupa, pois não vejo que nós
espíritas estejamos tão conscientes assim de nossa responsabilidade diante do
conhecimento espírita que possuímos. Se a tivéssemos cumpriríamos integralmente
essa assertiva do Espírito de Verdade: “Espíritas amai-vos, esse o primeiro
mandamento…”
FR:
Agradecemos ao amigo Paulo Neto, por sua gentileza para com o Francisco
Rebouças Espiritista, nos colocamos à disposição para a divulgação de matérias
de sua autoria que o amigo desejar, e rogamos a Deus que o conserve com
saúde e paz, para que você continue com lucidez e determinação, seu trabalho de
divulgação da mensagem espírita, fundamentado na fidelidade aos postulados da
codificação do espiritismo.
Francisco
Rebouças